sexta-feira, 27 de novembro de 2015

E tal como o fogo queima ter amado, amado mais!





Eu deveria ter-te escrito,
Verbalizado bem dito
Para que não viesse a restar
Dúvidas ou viessem a se levantar
Questões mal resolvidas
De palavras não ditas ou ouvidas ...
Agora poderíamos folhear
As palavras e possivelmente encontrar
A falha. Deveríamos ter agido
Com a maior das cautelas, sem ter fugido
A contratos protocolares, daqueles com assinatura
No fim, de acepção concisa mas sem abreviatura.
Ter formulado contrato com exigências
E flexibilidades porque às vezes fomos de aparências,
E cobrar nós sempre um do outro cobrámos!
Ter tido um juiz imparcial sempre que falámos ...
Ou então ter vivido mais; ter falado melhor; ter chorado
No ombro um do outro e ter rido depois de levantado
O olhar. Deveríamos ter escutado melhor;
Ter visto o que faz bem antes de ter visto o pior ...
Ter ligado aos sinais
E tal como o fogo queima ter amado, amado mais!





resta-me somente o Amor




Agora em que tudo o mais é inútil,
Porque já não existe partilha nem vil
Promessa de palavras sonolentamente murmuradas.
Agora que o sonho já não anda de mãos dadas
Com o sorriso, porque este já sabe que só a tua presença
Vem engrandecer e fortalecer a nossa pertença.

Agora que o tempo se encarrega
De levar bem devagarinho, para que eu não me adivinhe cega,
Toda a nossa respiração sincronizada;
Tudo o que me disseste quando não me disseste nada,
Toda a verdade que eu desejei ostentar
Para o resto da vida, porque sabia que o “nós”, até então, não iria findar!

Agora em que tudo o mais revela não valer a pena,
Pelo menos não como antes, quando a manhã acordava serena
E os nossos olhares despertavam envolvidos em sussurros e beijos.
Agora resta-me somente o Amor. O Amor sem desejos,
Sem espera e recompensa, sem partilha e sem momentos.
O Amor que apenas vive do Amor que tenho, assim, sem mais abraços
nem mais agradecimentos!!!



quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Desta vez não


Desta vez não ... e tu bem sabes porquê!
Mesmo que a tua alma não sinta tudo aquilo em que realmente crê
Tu bem sabes que a veracidade passou a ser
Muito diferente de tudo o que sonhei um dia viver.
Sabes porque o vês exposto no teu olhar
Quando eu tento dizer mesmo sem conseguir falar ...

E também sabes que já não dói
Porque eu já não sinto a dor que me corrói.
Que já não queima porque não vejo.
E não sufoca porque nem já rastejo
A tentar fingir, porque o medo não cresce ...
O corpo caiu, mais já não desce!

Desta vez, por mais baixo que me encontres, NÃO!
A vida não irá escapar por entres os dedos da tua mão.
E não irá matar porque o que tinha de morrer, morreu
Aos poucos a cada vez que o teu discurso enlouqueceu.

Não irá sepultar, porque eu já passei do chão;
E não irá decompor, porque já não existe corpo são
A tentar escapar ileso. Desta vez eu vou somar
Todas as outras e não vou voltar a perdoar!!!

Desta vez Não... cá de baixo agora eu só poderei crescer.
Sem amarras, sem medos, sem amor que faz desvanecer.
Desta vez EU, com a força e a dignidade de levantar a voz
Sem medo de dizer que eu, há muito, já não sou 'nós'!

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Gira que gira



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Gira que gira, rodopia mais uma vez.
Acelera e arrepia em acidez.
O sangue esquenta, fervilha
Inquieto, faz do coração ilha
Construída pedra sobre areia
E no meio da tareia
De fricção, apenas sabe
Que no gira que gira não cabe
Espaço para compassar
Sem a certeza de que irá desmoronar.
Gira, volta a girar, arrepia
Em desassossego, às vezes em esteria!
Não pára, volta que volta ...
Não há tempo para sentir revolta
Não pára de acelerar.
Vou acompanhar, esperar
Que se acertem os ponteiros.
Quando se cruzarem que sejam certeiros
Nas voltas e possam voltar
No gira que gira sem arrepiar,
Sem fervilhar sangue em inquietude ...
E que gire, gire em atitude
Que assume que concertar
Não é vergonha, vergonha é não tentar!



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

E estes viessem a se dilatar Em luz




Abre os braços e abraça-me como se não houvesse
Tempo, como se apenas existisse a vontade
Dos nossos corpos e estes viessem a se dilatar
Em luz. Sim, dessa luz que não se parece
Com luz nenhuma nem a saudade
Vem faze-la diminuir ou esfriar!

Une tua face à minha como quando
O sol abraça a leve brisa do dia.
Enlaça tuas mãos nas minhas
E deixa que o silêncio que nos vem falando
Nos fale ainda mais alto. Deixa a melodia
Tocar, assim como nesse sonho em canto que adivinhas.

Olha nos meus olhos, e devagar, bem devagarinho,
Aproxima os teus lábios dos meus.
Deixa que a vez passe, pois já tudo está aqui
No nosso olhar, no nosso carinho
Recôndito. Aperta os meus braços contra os teus,
Deixa o mundo se apagar pois ficará bem aceso dentro de mim!



E sei que o sabes também



Sei que sabes que tudo isto está tornando-se,
Deveras, seriamente perigoso.
Eu olho nos teus olhos, vejo espalhando-se
Em ti todo esse rigoroso
Delinear em que insistes em viver
Só porque tens medo de te debater!

Eu sei que tens desviado o passo
Para não teres de te cruzar
Com a certeza de que não és de aço.
Eu sei que tens tentado evitar
O meu olhar, mas também sei que tens pensado
Em mim mesmo sem te teres esforçado!

Talvez o teu rigor não te deixe quebrar
Esse muro que te deixa sem ligação
Ao que mais temes, mas eu sei que o teu olhar,
Por mais distante que esteja, terá a visão
Bem próxima da minha. Eu sei
Desse espaço incompleto, e sei que o sabes também!



quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pensas mesmo que irás encontrar-me?


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Pensas mesmo que irás encontrar-me?
Que o teu interesse súbito irá confortar-me
E fazer-me crer que as juras irão sempre demonstrar que quererás estar
Do meu lado com intenção plena de amar
Sem mentiras ou omissões ...
Sem mendigar desculpas ou demais explicações!?

Pensas mesmo que irás encontrar-me
No final desta linha e que irá ser eu a desdobrar-me
Em tentativas que saberão sempre a doloroso!?
Deves estar convicto, imponente nesse ar glorioso,
Pensando que o amor, ou aquilo que o achas ser,
Reserva sempre mais um espaço para perdoar ou entender!

Deves mesmo pensar que as faltas nunca irão acumular,
Que o ato da entrega irá sempre superar
Os pedidos repetidos vezes sem medida ...
Diz-me, pensas mesmo que não irei estar dividida
Entre o que me dizes e o que de ti fico a esperar;
Entre o que eu sinto e o que me pedes simplesmente para aceitar?!?






sábado, 14 de novembro de 2015

Falsa luminosidade




Poderei recusar a entrada
Ao plano divino na estrada
Da derrota, do pecado e do caos?
De todos os bons e maus
Pensamentos, ter-me-á, alguma vez, surgido
Que a perfeição, um dia, fará sentido?

Em toda a parte eu vejo a interrogação.
Eu vejo o medo exposto no coração
Dos que temem. Sinto o frio
Dos seus corpos. O brio
Que lhes faz falta. O olhar tenebroso
De quem está cansado e receoso.

Eu sinto, por vezes, a luz do sol raiar
Sob o meu pensamento e no vagar
Das horas vejo sermos atingidos
Pela falsa luminosidade em fingidos
Apelos. Eu sinto a maldade. Todo o fim
Rasgar mesmo aqui por cima da mim ...

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

quando não me dói só me engrandece



Perdi a conta às vezes que pedi desculpas por te Amar tanto.
Por correr atrás das tuas palavras e do teu sorriso.
Por saber que te irei querer para o resto da vida ...
Perdi a conta às vezes que mendiguei absolvição por no recanto
Paralelo ao meu passo determinado e indeciso
Sentir a tua falta mesmo antes da tua partida!

Perdi a conta à reprovação que fiz de toda a pertença
Que me liga a ti, até que entendi que a ação incriminatória
É um sentimento injusto, na verdade, errado!
Eu sempre deveria ter sentido crença
Verdadeira, gratidão por poder sentir, conhecer viva
A força que faz com que o meu coração ganhe asas para poder estar a teu lado.

Grata por contemplarmos o mesmo horizonte
E caminharmos na mesma direção ...
Grata porque no fundo quando olho para ti minha alma reconhece
Que vale a pena sonhar com a ponte
Que une o meu ao teu coração.
Grata porque quando este amor não me dói só me engrandece!




quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Não é querer, é sentir!




É tudo uma questão de sentimento.
Eu posso evitar mas não posso deixar de ser.
Posso silenciar, não esconder ...
O tempo pode passar, e com ele passar o momento,
Mas tudo o que corre, corre-me debaixo da pele
Sem que o possa amarrar, sem que eu o sele.

Não falar não é reduzir aquilo que eu sinto,
É tornar menor o espaço, é limitar.
Pois eu posso querer não querer, mas não posso negar!
Eu posso fugir, até admitir que minto,
Mas isso não irá mudar em nada
Aquilo que encontro em mim quando suspiro calada.

Posso parar, adiar todos os passos,
Tentar não percorrer ...
Posso continuar, e continuar a esconder.
Não é querer, é sentir! Lá no fundo, no silêncio dos abraços
Que não sentirei, a lembrança estará presente, a vontade irá existir!
Eu poderei silenciar e esconder, mas não poderei deixar de sentir!!!






domingo, 8 de novembro de 2015

É aquela couraça invisível


É aquela couraça invisível que começa
A formar-se em volta do meu coração.
Sinto-a engrossar quando tento libertar
A voz e tenho a sensação que as palavras tornam-se numa peça
Artificial, tão distantes da verdadeira versão ...
Tão distantes daquilo que realmente querem mostrar.

O meu corpo aos poucos faz-se secar
E as lágrimas que não saem depositam-se na minha alma.
Com o passar do tempo paralisam toda a atividade
Existente e deixam-na dura demais para poder avaliar
Todas as suas capacidades, todas as entrelinhas da palma
Das minhas mãos e a sua realidade.

À medida que dou com  o tempo passando
Os pensamentos deixam de ter razão
E o que existe é simplesmente aquela couraça.
A verdade vai sendo envolvida e se enterrando
Num grande revestimento invisível, e eu perco a expressão
Que me vem dando vida, até ficar assim tão oca, tão baça.



sábado, 7 de novembro de 2015

Guarda-o sem medo de o perder




Espera ... espera que o silêncio venha denunciar
Que a tua alma cresce e que o teu coração
Duplica de tamanho, porque, de repente, respira somente beleza.
Fecha os olhos, não necessitas olhar ...
Sente o abraço terno, a mão
Ágil e segura, o sorriso que na verdade é Luz na real certeza.

Espera só mais um instante até que cristalizes
Este momento e o preserves como um tesouro que ninguém ainda descobriu.
Agora guarda-o bem, num lugar
Entre o teu pensamento e as mais profundas raízes
Do teu sentimento. Eterniza esse abraço, o brio
Que lhe faz resplandecer quando toca o teu olhar.

Grava-o na memória para que amanhã e depois, e depois ainda, estejas
Receptível e o possas sentir outra vez. Que ele te acompanhe e te ajude,
Te dê apoio e proteção.
Guarda-o bem, perto de ti, sempre perto. Mesmo que não o vejas
Ficará junto de ti sem que nada mude
O seu brilho quando tocar no teu coração!

Guarda-o sem medo de o perder,
Pois estará sempre junto a ti
Como no céu o sol e a lua
Quando o dia cai e a noite se levanta!!!


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Irei ser por dois até sermos por um apenas


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Irei guardar todos os momentos que iríamos viver.
Irei guardar num coração cheio de amor,
Para quando nos voltarmos a encontrar
Não haver um vazio de palavras, não haver
Uma explosão de brilho sem cor,
Uma alegria que o tempo veio desbotar.

Irei perdurar no decurso que iríamos construir,
Guardar todos os passos que iríamos dar ...
Irei percorrer sem nunca levar no peito
Um espaço que esvaziou de saudade, porque irei sentir.
Porque irei fazer de tudo para preservar
O ato como se todo ele estivesse feito!

Irei ser por dois até sermos por um apenas ...
Irei depositar devagar e aguardar sem querer exigir!
Ficar sabendo que iríamos sempre estar
Presentes e sempre esperando as palavras amenas
Um do outro. Irei guardar para voltarmos a restituir
Quando o tempo se fechar e voltarmos a nos encontrar!!!




terça-feira, 3 de novembro de 2015

Mas eu não morri não



Adormeci na berma do caminho.
Deixei meu corpo cansado
Lá bem baixo jogado.
Fiz da calçada fria meu ninho ...

Bem debaixo desse céu escuro e pequenino
Esqueci do presente e do passado,
Do mundo que tinha sonhado.
Abandonei-me, deixei meu corpo sozinho!

Passadas uma ou duas pessoas, acharam que tinha morrido.
Indivíduo à calçada jogado que nem de si se dava.
Realmente ser que deveras é perdido ...

Mas, mas eu não morri não, não morri!
Haverá sempre, por mais baixo que esteja estendido
Ou por mais despercebido que passe, o amor a viver em mim!